O que a autora de “Comer, Rezar e Amar” tem a dizer sobre criatividade?

Criatividade: algo inerente ao ser humano ou um privilégio de poucas pessoas?

Publicado em 21 de agosto de 2015, o livro “Grande Magia – vida criativa sem medo” de Elizabeth Gilbert, mesma autora do best-seller “Comer, Rezar e Amar”, quebra paradigmas sobre construção de uma vida criativa e mostra que qualquer um pode vivenciar a magia que é ter a criatividade ao seu lado.

O livro, composto por 6 partes, (coragem, encantamento, permissão, persistência, confiança e divindade) traz relatos e aprendizados da própria autora que servem como inspiração, conselhos e direcionamentos para os que desejam abrir espaço para a criatividade mas que, por alguma razão, se prendem, dentre algumas razões, devido ao medo.

Acompanhe a seguir a resenha que produzimos e que ela seja útil não só para despertar o interesse pela leitura do livro, mas também para adquirir a coragem necessária para viver sem restrições. 

Sobre o Livro

“Uma vida criativa é uma vida mais ampla. É uma vida maior, mais feliz e muito, muito mais interessante. Viver dessa maneira – contínua e obstinada – mente trazendo à tona as joias escondidas dentro de você – é uma arte em si.”  

Este trecho é um fragmento do prólogo do livro. O que já permite constatar a importância e a grandeza da criatividade na nossa vida. Isso porque, para a autora, não é preciso ser um poeta, um artista renomado ou coisas do gênero para “viver criativamente”. A criatividade é muito maior do que isso. Ser criativo é viver sendo motivado pela curiosidade ao invés de ceder espaço para o medo. Quando você dá uma chance da vida criativa estar ao seu lado, é quando você se depara com a Grande Magia.

Parte 1: Coragem

E é partindo da dicotomia entre Curiosidade X Medo que inicia-se a parte 1 do livro denominada “Coragem”. É neste momento que a autora traz a pergunta de 1 milhão: O que é viver criativamente? Pra ela é ter a coragem de trazer à tona os tesouros que estão escondidos dentro de cada um. 

Todos nós temos uma história e um tesouro guardado dentro de si, e a magia, o processo criativo, está justamente nessa empreitada de se aventurar nessa caça ao tesouro, é estar disposto a querer se descobrir.

No entanto, um dos grandes inimigos da criatividade é o medo. Muitas vezes nos falta coragem para sermos criativos, e há uma lista de motivos para isso, dentre alguns: 

  • Medo de não ter talento;
  • Medo de ser ridicularizado, rejeitado, criticado;
  • Medo de não ser levado a sério;
  • Medo do seu trabalho não ser importante o suficiente para alguém;
  • Medo de não conseguir produzir algo bom.

E o que se ganha deixando o medo prevalecer acima de tudo? Nada! Assim como a própria autora afirma, o medo é chato, porque “não há nada de particularmente atraente de ter medo do desconhecido.” Deixar ele tomar as rédeas de tudo só vai fazer com que tenhamos uma vida limitada. 

Claro que não precisamos (e nem podemos) ignorar esse sentimento, ele serve como um filtro para realidade, até porque “a criatividade é um caminho para os corajosos, mas não para os destemidos.” 

Apesar de dicotômicos, vale frisar que medo e criatividade sempre vão andar lado a lado, basta dosar da maneira certa cada um dos dois.

Parte 2: Encantamento

No capítulo 2, denominado como “encantamento”, a autora detalha a grande magia que é o processo criativo. Para ela, as ideias e a criatividade estão mais ligadas a algo místico, transcendental, mágico, do que propriamente científico. E seu posicionamento parte do princípio de que “nosso planeta é habitado não apenas por animais, plantas, bactérias e vírus, mas também por ideias.”

As ideias ficam “vagando” por aí, na espera de alguém que esteja disposto a usá-la. Elas são movidas pelo impulso de se manifestarem, é como se houvesse uma enxurrada de possibilidades à nossa frente, só aguardando a ocasião e o parceiro perfeito para, enfim, causar aquele insight poderoso. Em palavras da autora: “quando uma ideia acredita que encontrou alguém – digamos você – que talvez possa trazê-la ao mundo, ela lhe faz uma visita. Tenta chamar sua atenção.” E quando isso acontece, você tem dois caminhos a seguir: dizer sim para a ideia ou dizer não para a ideia

  • Quando você diz não: geralmente o caminho “mais fácil” e “mais confortável”, mediada por sentimentos como a preguiça ou a insegurança, a ideia simplesmente vai embora à procura de outra pessoa que esteja disposta a usá-la. 
  • Quando você diz sim: é o momento em que o espetáculo acontece. É quando você fecha oficialmente um contrato com a inspiração. E é você que manda nas cláusulas deste contrato! É se permitir ir além sem ficar pensando muito nos poréns, afinal, vai que durante esse processo uma ideia extraordinária aparece? E se não aparecer, tudo bem também, porque ninguém é obrigado a ser autêntico o tempo todo. O que vale muito mais é trazer a sua autenticidade em temáticas que são comuns. “Então, simplesmente diga o que quer dizer e diga-o com todo o coração.”

Parte 3: Permissão

No capítulo 3, a temática do livro envolve liberdade, independência. É sobre deixar a inspiração ser o nosso guia. E essa discussão é importante para colocar uma coisa na nossa cabeça: ninguém precisa da permissão ou da aprovação de ninguém para viver uma vida criativa, porque são as nossas vivências, as nossas experiências que estão em jogo. Nosso tempo na Terra é limitado, por isso, precisamos viver com a maior intensidade possível.    

E a autora faz até um pedido, que é até um dos subcapítulos do livro: “decore-se”, porque para ela é decorando a própria vida que podemos nos elevar emocional, espiritual e intelectualmente. É trazendo mais luz, mais colorido para o nosso dia dia que podemos nos despertar, nos sentir mais vivos e compreender a razão de muita coisa.  

Parte 4: Persistência

Um pouco mais da metade do livro a autora enfatiza sobre a essencialidade de não romantizar a criatividade. Afinal, como já percebido, as ideias têm “vida própria”, o que significa que não dá para contar com elas sempre que for preciso ou mesmo contando, quem garante que a inspiração aplicada para uma ação em específico vai ter o sucesso que se espera?

Então é nesse capítulo que Elizabeth Gilbert traz indagações sobre o quanto estamos dispostos a enfrentar as consequências que uma vida embasada na criatividade pode nos oferecer. Decepções e frustrações fazem parte do processo, infelizmente com bastante frequência. Você está preparado para isso? Tudo tem seus altos e baixos. “Então a questão não é tanto ‘O que você ama fazer?’, mas sim ‘O que você ama fazer o suficiente para conseguir suportar os aspectos mais desagradáveis do trabalho?’”

E é com esse contexto em mente que a autora traz outro conselho: viva criativamente, mas não dependa da criatividade para viver. Porque ela é incerta e contar com o sucesso para alcançar a estabilidade, principalmente financeira, é um caminho absurdamente arriscado.

Contudo, apesar deste caminho, de certa forma nebuloso, cheio de barreiras e  incerto que a vida criativa pode nos ofertar, porque existem milhões de pessoas que insistem em criar?

  • “Persistem porque são apaixonadas”
  • “Persistem porque sentem tesão por sua vocação”. 

As pessoas passam a ter um caso com a criatividade, “fazem todos os sacrifícios necessários e superam quaisquer obstáculos para poderem estar sozinhas com o objeto de sua devoção e obsessão, porque é importante para elas.”

Parte 5: Confiança

Se no capítulo anterior a autora enfatizou sobre a importância de não romantizar o processo criativo, o caminho oposto também se aplica, isto é, de achar que a criatividade tem que ser dolorida e cansativa para só assim valer a pena. 

A produção artística tem que ser uma via de mão dupla, ou seja, se a pessoa ama escrever, a escrita também tem que amar a pessoa. Porque se não for assim, que prazer e que satisfação pessoal a criatividade está trazendo para a vida do criador? Um relacionamento não pode ser tóxico e o processo criativo nada mais é do que um envolvimento que se cria a curto, médio e longo prazo com as pessoas.

Você pode confiar na dor para produzir ou confiar no amor, a escolha é e sempre será sua. O que vale mais a pena para você?

Parte 6: Divindade

No último capítulo a autora enfatiza o quanto a criatividade não é estática, ou seja, “não existe ordem perfeita nem nada é definitivo”. A criatividade se renova, se expande e o que devemos fazer é permitir que ela entre em nossas vidas com as suas mil facetas e deixar nosso lado malandro aproveitar cada oportunidade. 

O que podemos concluir, então, com o livro “Grande Magia – vida criativa sem medo”? A intenção principal, sem sombra de dúvidas, foi mostrar o quanto os nossos tesouros escondidos não vêem a hora que você diga sim pra eles, que precisamos ser corajosos e que a criatividade, ao mesmo tempo que é sagrada, também não é. 

Definitivamente quem trabalha, direta ou indiretamente com criatividade precisa ler este livro! Se o texto produzido despertou em você o mínimo de vontade de realizar a leitura na íntegra dele, então todo o esforço já valeu a pena.

Vamos juntos para além do comum? 🚀

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